A apresentar mensagens correspondentes à consulta Nair ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens
A apresentar mensagens correspondentes à consulta Nair ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Nair Vieira Soutelinho Ferraz Gabão - Cinco anos de infinita saudade...

Peso da Régua - Portugal - Lembrando a Mãe Nair Vieira Soutelinho Ferraz Gabão, nascida em Pereiro de Agrações - Vidago/Chaves em 07/NOV/1925 e que nos deixou no dia de 06/DEZ/2011, em Aveiro-Portugal.
D. Nair, como por todos era conhecida, era esposa do saudoso jornalista Jaime Ferraz Rodrigues Gabão (também já falecido) e Mãe de Júlio Manuel Vieira Ferraz Gabão e Jaime Luis Vieira Ferraz Gabão. Residiu em Porto Amélia (hoje Pemba) - Moçambique de 1957 até 1974, data em que regressou com a família a Portugal, fixando residência na cidade de Peso da Régua.
Seus últimos anos de vida foram passados em uma clínica de Aveiro (S. João de Loure) onde, acarinhada e com a possível qualidade de vida que lhe era dispensada, se procurou minimizar o sofrimento e os tristes efeitos da doença que a acometeu.

Vai pois em paz, alma querida. A saudade tornar-se-á um bálsamo em nossos corações, e a luz que deixaste sempre nos trará, além de grandes emoções, um grande alento à alma ferida.
Eu hoje tive um pesadelo
E levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo
E procurei no escuro
Alguém com o seu carinho
E lembrei de um tempo

Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era ainda criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou consolo

Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei, nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim
E que não tem fim

De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás

- Poema de Cazuza
Em memória de D. Naílde
O mar de PEMBA - Imagem de Inez Andrade Paes
ao Jaime e ao Júlio

mar quebras macio
nos areais do Índico
e manso e morno

leva a tua mão a dar
quem te aguarda

é o Senhor

Inez Andrade Paes - "Contos de Fadas não de Reis", 6 de Dezembro de 2011
Clique na imagam para ampliar
- Em homenagem (e com dolorosa saudade) a minha querida e eternamente lembrada Mãe Nair Vieira Soutelinho Ferraz Gabão, nascida em Pereiro de Agrações - Vidago/Chaves em 07/NOV/1925 e que nos deixou no dia de  06/DEZ/2011, em Aveiro-Portugal.

Clique  nas imagens para ampliar. Imagem-título de autoria de Jaime Luis Gabão. Imagem 'O mar de Pemba' de autoria de Inez Andrade Paes. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Dezembro de 2012. Também publicado neste blogue em 6 de Dezembro de 2011 e no blogue 'Contos de Fadas não de Reis' em 6 de Dezembro de 2011. Actualizado em 6 de Dezembro de 2014. Este artigo pertence ao blogue Escritos do DouroSó é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

NAIR, sempre um nome algures...

Clique na imagem acima para ampliar. D. Nair Gabão neste blogue. D. Nair Gabão no Google. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Maio de 2012. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. Todos os direitos reservados. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Nair Vieira Soutelinho Ferraz Gabão - Dois anos de infinita saudade...

Vai pois em paz, alma querida. A saudade tornar-se-á um bálsamo em nossos corações, e a luz que deixaste sempre nos trará, além de grandes emoções, um grande alento à alma ferida.
Eu hoje tive um pesadelo
E levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo
E procurei no escuro
Alguém com o seu carinho
E lembrei de um tempo

Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era ainda criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou consolo

Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei, nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim
E que não tem fim

De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás

- Poema de Cazuza
Em memória de D. Naílde
O mar de PEMBA - Imagem de Inez Andrade Paes
ao Jaime e ao Júlio

mar quebras macio
nos areais do Índico
e manso e morno

leva a tua mão a dar
quem te aguarda

é o Senhor

Inez Andrade Paes - "Contos de Fadas não de Reis", 6 de Dezembro de 2011
- Em homenagem (e com dolorosa saudade) a minha querida e eternamente lembrada Mãe Nair Vieira Soutelinho Ferraz Gabão, nascida em Pereiro de Agrações - Vidago/Chaves em 07/NOV/1925 e que nos deixou no dia de  06/DEZ/2011, em Aveiro-Portugal.

Clique  nas imagens para ampliar. Imagem-título de autoria de Jaime Luis Gabão. Imagem 'O mar de Pemba' de autoria de Inez Andrade Paes. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Dezembro de 2012. Também publicado neste blogue em 6 de Dezembro de 2011 e no blogue 'Contos de Fadas não de Reis' em 6 de Dezembro de 2011. Actualizado em 6 de Dezembro de 2013. Este artigo pertence ao blogue Escritos do DouroSó é permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Poema de Despedida

Vai pois em paz, alma querida. A saudade tornar-se-á um bálsamo em nossos corações, e a luz que deixaste sempre nos trará, além de grandes emoções, um grande alento à alma ferida.
Eu hoje tive um pesadelo
E levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo
E procurei no escuro
Alguém com o seu carinho
E lembrei de um tempo

Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era ainda criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou consolo

Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei, nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim
E que não tem fim

De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás


Poema - Cazuza
- Em homenagem (e com dolorosa saudade) a minha querida e eternamente lembrada Mãe Nair Vieira Soutelinho Ferraz Gabão, nascida em Pereiro de Agrações - Vidago/Chaves em 07/NOV/1925 e que nos deixou neste dia de  06/DEZ/2011, em Aveiro-Portugal.
::::::::::::::: 
FaceBOOk -> Via Nafa Domingues - Informo que o funeral da Mãe do JÚLIO e JAIME GABÃO, se realiza amanhã 5ª-Feira (08/12/2011) em Peso da Régua. O corpo de D. Nair Gabão, sairá do Asilo (Casa da Criança) pelas 15h, para a IGREJA do PESO, onde se realizará a Missa e posteriormente o enterro, no Cemitério do Peso da Régua.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Missa de 30º. dia de D. Nair Vieira Soutelinho Ferraz Gabão

A família de D. Nair Vieira Soutelinho Ferraz Gabão, falecida em 06 de Dezembro de 2011 em Aveiro – Portugal, convida os seus amigos para a Missa de 30º. dia que será celebrada dia 06 de Janeiro de 2012, sexta-feira, às 18,30 horas, na Capela do Cruzeiro, na cidade de Peso da Régua (Portugal).

Agradecemos mais uma vez o carinho e a solidariedade recebidos de todos os Amigos e pedimos a possível comparência e orações.
Jaime Luis Vieira Ferraz Gabão e Júlio Manuel Vieira Ferraz Gabão

segunda-feira, 16 de março de 2009

Um discurso do Dr. Camilo de Araújo Correia.

(Clique na imagem para ampliar)

Esta foto diz tudo: Camilo de Araújo Correia num discurso de um aniversário da Associação como seu Presidente da Direcção. As suas palavras têm o seu sorriso que sempre nos habitou e, certamente, tem um sentido de humor contagiante. Basta, ver olhar atento como alguns dos presentes o ouvem, como é o caso do Chefe Armindo.
Camilo de Araújo Correia é um dos nossos. Vestiu também a nossa farda azul. Mas foi um grande médico e um grande escritor nas “horas vagas”, como ele gostava de dizer a sorrir, seguindo de perto os passos literários de seu pai João de Araújo Correia. Foi nosso amigo, sempre, até a data da sua morte, ocorrida, em finais do ano 2007. Ele, sabe que tem um lugar, um cantinho especial na história dos bombeiros de Peso da Régua. Ele, não só exerceu funções directivas, como ainda foi médico dos bombeiros e, muitos anos, o director do jornal mensário da Associação “Vida por Vida”.

Escreveu muitas e belas histórias na sua vida que foi de uma paixão pelo nosso Douro e suas gentes, pelo seu rio e seus belos barcos rabelos, a navegarem põe entre este imenso teatro de vinhas, que foi o palco da vida de muitas das suas personagens, para todos nós mais reais do que as vezes ele nos fazia crer.

Sobre os bombeiros de Peso da Régua escreveu algumas histórias das suas figuras mais simples, mas cheias de alma e sonhos, os heróis que o tempo e as memórias do fogo nunca apagaram e, sobretudo, da sua grande admiração pelos homens da paz. Duas crónicas, brilhantes, carregadas de sentido de humor e fina ironia, adocicada de um carinho pelos bombeiros, como por essa personagem do Justino podem ler-se nosso livro “125 Anos da Nossa História”.

Foi Presidente da Direcção da Associação nos anos de 1964-1965. Do acto da sua posse em 12 de Agosto de 1964, o jornal “Vida por Vida” refere que Camilo de Araújo Correia “usou da palavra de uma maneira que lhe é tão peculiar, historiou a maneira porque aceitou o convite que lhe foi dirigido ainda quando se encontrava em serviço militar em terras africanas e disse dos propósitos que o nortearão no desempenho do cargo, que se resumia em lealdade para como todos, amizade e humanidade no geral”.

Não poderiam ser outras as suas palavras. Sem margem para dúvidas, elas retratam a verdadeira condição de um homem humanista.

Assim, temos todo o gosto em revelar as suas palavras, manuscritas numa caligrafia impecável, num cartão timbrado que, em 7 de Dezembro de 2000, dirigiu ao Presidente da Direcção e ao Comandante dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua:

“Exmos Senhores:
Venho por este meio agradecer-lhes muito honrado a simpatia da oferta da medalha comemorativa dos 120 anos da nossa prestigiada Associação. As minhas sinceras felicitações a quem a concebeu. De um lado, a fachada do quartel, a beleza e a originalidade. Do outro, um minuto de silêncio por quem perdeu a vida no cumprimento do seu abnegado dever. Conheci muito bem o João e o Afonso. O luto da Régua foi o meu luto.
Creiam na muita estima do muito grato,”

Creia Dr. Camilo que nós lhe estamos também muito gratos e saiba que os bombeiros da Régua nunca o esquecerão.

Camilo de Araújo Correia tinha sempre as palavras certas de agradecimento, de ironia e de ternura que nos afogavam de emoções ou nos faziam sorrir. E, na sua memória, estava guardado o respeito por aqueles dois bombeiros que deram o seu melhor à Régua, em missões de serviço onde deram a sua vida por nós.
- Peso da Régua, Março de 2009,
José Alfredo Almeida.
  • Complemento que este post refere o Dr. Camilo, médico e escritor da Régua e do Douro, filho do também consagrado médico e escritor João de Araújo Correia.
    O Dr. Camilo é igulamente figura inesquecível (pelo menos para os mais antigos naturais e residentes daquela cidade do norte de Moçambique) em Porto Amélia, hoje Pemba onde residiu durante alguns anos da época da "guerra colonial" prestando serviço como diretor do hospital militar anexo ao hospital civil.
    Cuidou e salvou vidas assim como bastantes Amigos ali fez e deixou, envolvido nas horas vagas na produção amadora de peças teatrais onde, o saudoso e também colega militar Dr. Simões Coelho, entre outros, o coadjuvava para júbilo da população local carente desse tipo de cultura e lazer.
    Companheiro de infância e colega dos bancos escolares de meu saudoso Pai - Jaime Ferraz Rodrigues Gabão, bastantes de seus finais de semana e tardes africanos, que recorda com nostalgia e estilo sem igual em obras escritas, foram passados na varanda frondosa de minha casa em Porto Amélia, entre alguns cordiais cálices de vinho do Porto, pitéus à moda do Douro e Trás-os-Montes primorosamente preparados pela afável e transmontana D. Nair - minha Querida Mãe e conversas que se alargavam até noite alta, quase sempre sobre gentes, costumes e lugares do Douro que jamais esqueciamos daquele lado do mar. Aqui ficam também, em poucas palavras e aproveitando a deixa, minha homenagem e minha saudade por essa personagem de porte da nossa Peso da Régua.
    - Jaime Luis Gabão, 17 de Março de 2009.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Apeadeiros da minha infância... LOIVOS

Quando, de Pereiro de Agrações (terra de minha saudosa Mãe, D. Nair Gabão) , transpúnhamos serras, em férias escolares, a pé ou de burrico até Loivos (ou vice-versa), em busca do comboio para a Régua...

Lamentando a tal cruel e moderna 'extinção' que não se condói com a MEMÓRIA, nem com o que é belo, útil e de obrigação preservar, transcrevo:

""Loivos foi extinta em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, tendo sido agregada à freguesia de Póvoa de Agrações, para formar uma nova freguesia denominada União das Freguesias de Loivos e Póvoa de Agrações da qual é a sede Chaves.
A foto editada, pertence a um antigo apeadeiro, isto é, a uma estação de comboios secundária. Isto serve para elucidar algumas pessoas que têm total desconhecimento de tal Estação. Segundo versões de populares, esta estação ficou mais desviada da Aldeia de Loivos, devido às influências das gentes de Vidago, que não queriam que a estação ficasse muito longe de Vidago, e assim, como Loivos era uma aldeia de grandes dimensões e comercializava muitos produtos agrícolas, esta estação ficou entre Loivos e Oura, vê-se claramente que a linha teve que ter muitas alterações e muitas curvas, para que pudesse chegar a Vidago.""""
- Fontes de texto e imagens - Arquivos de Jaime L. Gabão, Wikipédia e blogue "Engenheiros do Riso.

Clique nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Janeiro de 2014. Este artigo pertence ao blogue Escritos do Douro. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Em mais um Natal, recordam-se as escarpas vinhateiras do Douro e da Régua.

Um dia, no já distante ano de 1957, deixamos as nossas raízes e partimos para o mundo. Mas Peso da Régua, onde nascemos, que na história do Douro Vinhateiro é uma das mais importantes cidades beirando o rio Douro dos barcos-rabelo, aconchegada entre montanhas revestidas de videiras que oferecem o único Vinho do Porto, permanece firme no coração, a dividir paixão afetiva com a Pemba de nossa adolescência e demais recantos hospitaleiros que nos abrigaram ao longo da vida.

Nela aprendemos a magia dos primeiros Natais em Invernos felizes de convívio e brincadeiras infantis com Família numerosa e, então, unida.

Naquela época, nossos queridos Avós, Pais, Tios, em sua maioria já no Alto, responsáveis por essa "mágica" de encanto, acompanhavam e transmitiam-nos o gosto pela tradição, o entender da confraternização, a percepção do perfume das pinhas queimadas na lareira, do odor das rabanadas com molho de vinho do Porto e canela, do sabor do bolo-rei, da competição do raspa, do bacalhau em bolinhos ou cozido com todos, do polvo, do creme com açúcar queimado, das batatas do Menino Jesus e de tantas outras deliciosas iguarias que só o Natal traz para a mesa lusitana farta, pródiga mesmo nos lares mais humildes.

Com seu olhar complacente, protector, realizavam os nossos tutores sua incansável missão de nos educar também nos costumes, na tradição, na hospitalidade e na afabilidade do Douro do nosso Portugal.

Continuam, acredito em minha FÉ cristã, resguardando e acompanhando lá do Céu certamente, os nossos Natais e os nossos passos terrenos.

Para eles, para meus Familiares (incluindo minha querida Mãe Nair e meu saudoso Pai Jaime Ferraz que já 'partiram'), para meus conterrâneos, para meus Amigos no presente e para mim também porque me faz bem, fico discorrendo com as lembranças desse tempo feliz, percorrendo veredas do planeta virtual em busca da afirmação do sentir e da confirmação de que estamos próximos, mesmo quando distantes fisicamente.

E aqui fica para todos, o simbólico presente de Natal forjado em imagens de vários autores que nos levam à Régua, ao Douro e a Portugal.

Apreciem e aproveitem bem, em mais um NATAL de nossas vidas!
- Jaime Luis V. F. Gabão - Transcrito com alterações do blogue ForEver PEMBA de 23 de Dezembro de 2007. Actualizado em Dezembro de 2013.
flicKr --> Encontramos fotos quase sem fim sobre Peso da Régua aqui !

Clique nas imagens para ampliar. Imagens da net e texto de J. L. Gabão para os blogues "Escritos do Douro" e "ForEver PEMBA". Actualizado em Dezembro de 2013. Este artigo pertence aos blogues Escritos do Douro e ForEver PEMBA. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Em memória de D. Naílde

O mar de PEMBA - Imagem de Inez Andrade Paes
ao Jaime e ao Júlio

mar quebras macio
nos areais do Índico
e manso e morno

leva a tua mão a dar
quem te aguarda

é o Senhor

Inez Andrade Paes - "Contos de Fadas não de Reis", 6 de Dezembro de 2011
Em homenagem à querida e eternamente lembrada Mãe Nair Vieira Soutelinho Ferraz Gabão, nascida em Pereiro de Agrações - Vidago/Chaves em 07/NOV/1925 e que nos deixou neste dia de 06/DEZ/2011, em Aveiro-Portugal. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em  Dezembro de 2011.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Falar sobre os Bombeiros da Régua


Jaime Luis V. F. Gabão

Falar sobre os Bombeiros da Régua não é difícil para as gentes da Régua. Ao longo da vida e do tempo acompanham-nos em um quotidiano repleto de episódios reveladores de abnegação, doação ao semelhante, generosidade desinteressada, modelos de coragem, sacrifício e por aí adiante. Difícil é para quem como eu, nado e criado até aos 9 anos de idade na sempre estimada Peso da Régua e posteriormente emigrou por força do destino e das circunstâncias para lugares distantes que juntam África, Europa e América do Sul, detalhar o caminho grandioso e beneficente para com o povo vareiro, traçado por essa Instituição já centenária em período no qual, sem abandonar espiritualmente as raízes, só vivenciei fatos da Régua por notícias, por cartas e testemunho de meu saudoso Pai, Jaime Ferraz Rodrigues Gabão quando vivo, também por estadias curtas no berço pátrio para colmatar saudades ou ainda por relatos de Amigos.

No entanto, apesar dessa ‘ausência’, dois acontecimentos marcam nitidamente a minha memoria. Um é o ‘grito’ angustiado da sirene instalada no característico ‘quartel antigo’ dos bombeiros, que ecoava tristemente por toda a Régua na minha meninice feliz, chamando os soldados da paz, ‘grito’ quase desesperado, representativo do acontecer de algum drama em algum lugar, como tantos que o Amigo Dr. José Alfredo Almeida vem descrevendo no Escritos do Douro e vou absorvendo-editando aqui pelos trópicos como se na Régua estivesse fisicamente, fruindo deste ‘milagre’ da comunicação e da informação que é a internet e que tanto nos aproxima. De tal forma ficava apavorado e trémulo em minha ingénua meninice, que buscava aconchego nos braços de minha Querida Mãe Nair ao ouvir essa sirene aflitiva, assim ela me contava... E o segundo, refere o dramático e tantas vezes evocado incêndio da Casa Viúva Lopes, já assim descrito por mim: “Na dramática noite do dia 8 de Agosto de 1953 eu estava lá, em frente à estação da Régua, junto ao muro que dá para o rio Douro, a assistir ao dantesco espetáculo. Com seis anos de idade na época, acompanhava meu Pai Jaime Ferraz Rodrigues Gabão. Nunca saiu de minha memória a beleza assustadora e dramática das chamas envolvendo o edifício enorme da Casa Viúva Lopes. Foi experiência que marca minhas lembranças com nitidez impressionante até aos dias de hoje!”. Dessa data e desse espetáculo belo, dantesco e triste emoldurado pelas sombras de uma noite de verão há 58 anos passados, resultou a morte do Bombeiro João Gomes Figueiredo, também conhecido por João dos Óculos e que o  mestre da escrita do Douro, João de Araújo Correia, homenageou em “HISTÓRIA DE UM SONETO” que pode ser lido aqui (Escritos do Douro).

Em outras paragens, os Bombeiros são-no por profissão. Auferem salário e a isso se dedicam inteiramente. Na Régua não, contava-me meu Pai, ainda em Porto Amélia-Moçambique, enquanto redigia as suas ‘Cartas de Longe’ para o ‘Notícias do Douro’ publicadas nos anos 60/70 ou à mesa de nossa casa africana, em refeições com sabor a Douro e Trás-os-Montes, elaboradas pela mão atinada de minha Querida Mãe e compartilhadas por reguenses como meu estimado Irmão Júlio Gabão, o Guedes tipógrafo, o marinheiro de fragata Zagalo, o Major Leite Pereira, ou mais destacados nas letras como o alferes Manuel Coutinho Nogueira Borges, o tenente médico Dr. Camilo de Araújo Correia (filho de João de Araújo Correia, escritores já falecidos). Todos eles, pela guerra colonial de então ou em busca de uma vida melhor, iam parar em terras de Cabo Delgado e em nossa sala de visitas sempre hospitaleira e de portas franqueadas, amenizando saudades em longas conversas dulcificadas e entremeadas por saborosos cálices de Porto e acepipes culinários, nas tardes domingueiras ensolaradas ou anoiteceres quentes de cacimbo africanas.
Pois e como dizia acima, na Régua os bombeiros são-no por amadorismo e doação desinteressada. Uns trabalham no campo, outros são empregados de balcão, outros sapateiros, comerciantes e assim para diante. E, sem proveito material adicional, nas horas vagas ou, quando avocados pela tal sirene, são Bombeiros da Régua e de todos que precisam de socorro e ajuda. Como ininterruptamente aconteceu afinal, quando no antigo e hoje abandonado cinema sentíamos a segurança tranquila da sua presença física durante as projeções, quando as velhas bancadas de madeira do campo de futebol do Peso, nos anos 50, desmoronaram (e eu junto) repletas de adeptos do SC da Régua, quando de plantão para qualquer eventual acidente em corridas de motos realizadas na beira-rio (organizadas também pelo SC da Régua de que meu Pai era diretor), quando o autocarro com estudantes se despenhou da ponte, quando as ainda existentes casas construídas à moda antiga em esqueleto de madeira se incendeiam, quando os pinhais e montes são desgastados pelo fogo do estio, quando alguém submerge no rio Douro ou quando o mesmo rio Douro, corre farto lá de Espanha e estende com indiferença fria suas águas, transformando em leito as ruas e caminhos da Régua, quando algum automóvel se acidenta nas encostas do Marão, quando alguma pessoa adoece e precisa de uma ambulância que o leve à saúde num hospital do Porto ou mais distante até, quando acompanham à última morada pessoa querida, quando e ainda hoje (assim lemos na internet) acodem um barco de turismo avariado, repleto de viajantes admiradores das belezas do recanto fluvial duriense...,  tudo e sempre num comportamento de grandeza e generosidade, sem diferenças sociais, que sobrevém ao longo de nossas vidas desde que, em “1842, a Câmara Municipal do Peso da Régua resolveu enviar um representante à Câmara dos Deputados a solicitar a concessão de uma bomba, para que na vila se pudesse acudir aos incêndios que por cá deflagrassem” e, mais tarde, quando em “28 de Novembro de 1880, nascia a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua ou Real Associação Humanitária, comandada por Manuel Maria de Magalhães”...

E tivesse eu a sabedoria atilada e conhecimento de meu querido, saudoso Pai e de Amigos que pela Régua e arredores pelejam e escrevem, permaneceria horas a fio ‘falando’ sobre os Bombeiros da Régua, contando a ode de seres anônimos, de parentes, de heróis em feitos exemplares, já fenecidos como seres físicos, mas não esquecidos como entes imortais participantes da minha vida, de muitas vidas, da História da Régua e de um dos seus maiores patrimônios, num hoje ininterrupto, estruturado e continuado na pujança de jovens Bombeiros sempre Voluntários.
Portanto, repetirei e para terminar este meu ‘desabafo’ provocado pelo Amigo José Alfredo Almeida, que é para eles e por tudo que representam minha inabalável admiração!
30 de Julho de 2011
Texto e edição de Jaime Luis Gabão. Colaboração de imagens do Dr. José Alfredo Almeida para o blogue "Escritos do Douro" em Agosto de 2011. Clique nas imagens acima para ampliar.
Falar sobre os Bombeiros da Régua
Jornal "O Arrais", Quinta feira, 11 de Agosto de 2011
(Click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Memória dos Nossos Bombeiros - Carta para o Dr. Camilo de Araújo Correia

Lembrando o Dr. Camilo em 30 de Outubro de 2013, data que evoca o 6º. ano de sua ausência física entre nós. 'Carta' escrita pelo também saudoso M. Nogueira Borges.

Meu saudoso Amigo:

Faço votos para que esta o vá encontrar de modo igual ao que costumava ser enquanto por cá andou: sereno mas acutilante, especulativo mas pragmático, de bem com a vida mas adversário do fingimento.

Agora, em Canelas, não sei  como  será,  mas  idealizo o mesmo. A morte não esquece o que foi a vida quando a lembrança se perpetua, não acha? Fui lá uma vez, pousei uma rosa, falei  consigo, mas  não  me  ligou nada; até pensei que estivesse a mostrar-se amuado por demorar tanto tempo a visitá-lo. Ou, então, estaria muito atento ao que lhe diziam os que estão ao seu lado… Bem - pensei para mim – deve estar por aí a conversar com algum conhecido,  e como não tem relógio esqueceu-se da sua morada. Vim embora porque, mais tarde ou mais cedo, lá chegará a hora de pormos a conversa em dia.

Mas, sabe, imagino-o a escrever crónicas nos jornais do céu, a causticar os anjos armados em santinhos ou santinhas (ainda ninguém descobriu o sexo deles, não é meu amigo?), todos muito puritanos a dar lições de moral e, nas sombras, a concretizar o adágio dos simulados :  «Olha  para o que eu digo e não para o que eu faço.» Talvez tenha descoberto por aí  daquelas   espécimes  que olham de alto como quem palita os dentes ou arrota postas de vitela, e a tentação de os apontar  seja tanta que não o deixe ficar calado.  Para o céu deve ir – sou eu a pensar, claro – muito tipo de gente, pois a misericórdia divina não tem limites. Por cotejo com o que me ensinaram na catequese (belos tempos!), acho que ele deve ser habitado esmagadoramente pelos honestos, os construtores da palavra , os que fogem da falsidade e do descaramento, os que conhecem a grandeza humana e a  sua antítese,  os que respeitam o medo mas repelem a cobardia, os que não fantasiam  amar os pobres nem pedem publicidade para a oferta, os que sabem que a verdadeira fortuna é ter o  essencial que dê dignidade à vida, à vida de todos. Por isso, deve-lhe meter impressão ver aí de tudo como na farmácia.  Para desenfastiar já deve ter escrito outro Livro de Andanças, viajante que é dessas terras e caminhos etéreos. Deve ser uma pena não haver aí um Palácio da Loucura para uma reedição de Coimbra Minha… Olhe, vá ouvindo umas anedotas do mano João…
Escrevo-lhe dentro do carro, com o bloco assente no volante, diante do mar, na praia nortenha de que seu Pai mais gostava. Tenho memória recente  de corpos na areia, tostando a celulite ou a silicone (uma pessoa já nem sabe). Ao longe, na linha do infinito, um barco, largado de Leixões, afunda-se na vertigem da lonjura. Recordo-me de África; sei-a do outro lado do mundo, resplandecente e imensa, vermelha e abrasadora. Aquele Moçambique para onde fomos em datas diferentes, a Porto Amélia do Paquitequete e dos corais, da casa do Jaime Gabão e da mesa da D. Nair, daquela fraternidade e daquela mágoa de ver o Lança Pires esticado num Unimog, ele que fora só à Serra Mapé, em Macomia, visitar colegas de escola.

A sua lembrança, meu saudoso amigo, quando lá cheguei, ainda pairava nos exíguos corredores do hospital, nas esplanadas da Jerónimo Romero, nos serões das lendas do algodão da pensão Miramar e nas gentes que lhe conheceram o jeito e a dádiva. Neste jornal, onde na sua última página escreveu centenas e centenas – sei lá milhares - de crónicas (foi uma pena não ter coligido as principais num volume, como alguns lhe disseram), retratou o esmagamento da savana e a aventura duma caçada, a cumplicidade da temba, o espasmo sanguíneo do pôr-de-sol, o êxtase dos cheiros e dos sons do mato, a sensualidade da mulher africana, o orgasmo do nascer dos dias e  a angústia dos anoiteceres suados.

Consigo aprendi muito do que é a verticalidade e a honradez intelectual, o horror aos sevandijas e aos excessos dos humanos.  Aprendi que tanto se pode subir até tocar a platina como descer até nos ferirmos no alumínio…

Mas, perguntará, «este só agora é que me escreve?» Eu digo-lhe: aqui na Régua, terra a que sempre chamou sua apesar de ter nascido na Invicta, andou tudo numa fona por causa de um Congresso de Bombeiros. O José Alfredo Almeida, aquele jovem com um sorriso do tamanho da generosidade, que está, agora, à frente da Associação, tomou a peito a organização, publicou até um livro sobre a História desses homens que dão o corpo ao manifesto – quantos a alma – pela nossa segurança, e tão pouco recebem desta sociedade egoísta, tantas vezes denunciada com a precisão da sua pena. Sabe que foi considerado o melhor acontecimento do género realizado na Pátria? São os que vieram de fora a confirmá-lo sem ciumeiras. Que, diabo,  também somos capazes não é?...
Lembrei-me muito de si nesta altura,  que,  entre 1964 e 1965, foi presidente da sua Direcção, seu médico, director do Vida por Vida e titular da Medalha de Ouro. E tenho – caramba! – saudades de si. Há dias fui à pasta onde guardo as suas cartas - as lembranças que elas me trouxeram! Piadas de gargalhadas cerebrais, ironias tão subtis que sintetizavam a mordacidade total, tolerância de escrita, protestos cúmplices pelo desaforo social, ideias e conselhos de quem conhecia a literatura, as suas gentes e os seus modos…

Cai uma chuva triste, de luto pelo Verão que se foi, parece um choro celestial, um gemido dos deuses desgostosos com este mundo comando pela falta de idoneidade, uma saudade enorme daqueles de quem gostámos e nos deixaram do mundo dos sorrisos. O dr. Camilo nota por aí alguma revolta Divina, algum sentimento de pena por estes terráqueos que já se cansaram de lhes irem ao bolso, assaltados à lei (des)armada, como quem limpa fraldas a meninos? Diga-LHE para vir cá abaixo pôr ordem nestes Montes Pintados e nestes Caminhos Velhos e Novos, nestes Assentos e Jurisdições, nestas Sedes e Filiais, nestas Desesperanças e Ódios. E se ELE não vier, que mande um novo Cristo com um cajado na mão para expulsar toda a canalha da Terra. Peça-lhe isso, não se esqueça…

Vou-me despedir, imitando-o nos momentos de emoção: «RAIO!»


- Novembro de 2011 - M. Nogueira Borges
Memória dos Nossos Bombeiros - Carta  para o Dr. Camilo de Araújo Correia 
Jornal "O Arrais", quinta-Feira, 10 de Novembro de 2011
(Click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)
Texto de M. Nogueira Borges publicado com autorização do autor neste blogue e no semanário regional 'O Arrais" (10/11/2011). Atualizado em 30 de Outubro de 2013, data que relembra o 6º. ano de sua ausência física entre nós. Clique  nas imagens acima para ampliar. Imagens cedidas pelo Dr. José Alfredo Almeida e editadas para este blogue. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Novembro de 2011.