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terça-feira, 19 de novembro de 2013

Excerto da peça de teatro “A Ferreirinha - uma mulher fora do seu tempo”

Dona ANTÓNIA – A Sócia  Contribuinte nº 1 dos Bombeiros da Régua
Excerto da peça de teatro “A Ferreirinha - uma mulher fora do seu tempo”

Francisco Correia – A senhora dona Antónia dá licença?

Dona Antónia – Senhor Correia, ainda bem que chegou! Quero ir às Caldas do Moledo ver como vai o movimento dos banhos!

Francisco Correia – Mas está fresco!

Dona Antónia – Ora, ora… Nada disso… É verdade, ontem esqueci-me de lhe falar das obras da Capela do Cruzeiro!... Tenho muito gosto em contribuir com uma quantia significativa… desde que não alterem nada do que mostraram no desenho! É muito dinheiro! Aquela capela merece ser bem recuperada! Ali estão os símbolos do Peso e da Régua!

Francisco Correia – Como a Senhora desejar…Quando achar conveniente, indica-me a quantia.

Dona Antónia – Também hei-de ajudar a igreja de Godim na recuperação do altar do Senhor da Misericórdia (pensativa)…e misericórdia tenha de nós!

Francisco Correia – Na verdade, a vida não está fácil!

Dona Antónia – Não se esqueça dos Bombeiros! Eles dão a vida pela vida dos outros... merecem!

Francisco Correia – Merecem sim! O senhor Manuel Maria Magalhães ficou de passar por cá, para cumprimentar a senhora dona Antónia e convidá-la para sócia contribuinte.

Dona Antónia – Esse senhor Magalhães é um homem muito dinâmico, não é? Ele também não pertence à mesa do Hospital?

Francisco Correia – É um homem de direito, muito empenhado na evolução da Régua! O Hospital já está a funcionar…graças aos donativos da Senhora.

Dona Antónia – Meus, da minha família e principalmente do meu falecido marido, Francisco Torres! Aliás, se todos pensassem como eu… Cada um, na sua terra, deveria fazer tudo o que fosse para bem da humanidade! (mudando de tom) Está bem!...Mudemos de assunto…
(chega uma criada)
Maria – A senhora dá licença? Acabou de chegar um senhor que diz ser dos Bombeiros.

Dona Antónia – Não me diga que é ele? Só pode ser boa pessoa! Manda-o entrar, Maria.

Francisco Correia – O senhor Manuel Maria Magalhães!... vai ser o  comandante! 
(a empregada fá-lo entrar)

Sr. Magalhães – Dão licença?

Dona Antónia – Entre! Entre, sr. Magalhães.
(O sr. Magalhães cumprimenta com uma curta vénia dona Antónia e F. Correia)

Dona Antónia – Então como vão as diligências para o arranque dessa associação de Bombeiros?!

Sr. Magalhães – Senhora dona Antónia, venho informá-la que os estatutos estão prontos, foram redigidos pelo Dr. Claudino, o nosso Presidente da Câmara. E seremos, se tudo correr como todos desejamos, dos primeiros a ter uma instituição de intervenção social, tão necessária.

Dona Antónia – Fico contente…já que me visita só para me comunicar que vamos ter uma Associação de Bombeiros! Estamos todos mais descansados! 

Francisco Correia – Senhora dona Antónia, repare no livro que o sr. Manuel Maria de Magalhães traz!...
(Riem um pouco…)
Sr. Magalhães – Senhora dona Antónia, tenho a honra de a convidar a assinar o Livro dos Estatutos da Associação e Inscrição dos Sócios Contribuintes! A senhora será a sócia contribuinte nº1. (passa-lhe o livro)

Dona Antónia – Ora muito bem, muito bem!… Sócia Contribuinte?!... não é verdade? E então vou contribuir?...

Sr. Magalhães – A jóia será de 500,000 mil réis e a quota mensal 200,000 mil réis. Acha bem?

Dona Antónia – (tosse um pouco) Ora bem! E já falaram a outras famílias cá da Régua? Os Barretos, os Vasques?

Sr. Magalhães – Já foram contactados e ninguém recusou!

Dona Antónia – Todos temos a obrigação de contribuir! É urgente existir na Régua uma associação desta natureza devidamente equipada! Já viu, se acontece algum incêndio na altura em que há pipas e pipas de aguardente nos nossos e em outros armazéns!...

Francisco Correia – Lá isso é verdade, seria uma tragédia!

Sr. Magalhães – A sra dona Antónia disse bem, “devidamente equipada” ! Mas esse é o maior problema! A estação de material, no Largo da Chafarica, é um sítio já muito acanhado. A Câmara não tem grandes meios e nós precisamos de bombas mais modernas, mangueiras, um carro de escadas, fardas…

Dona Antónia(olhando-o de alto a baixo) Ó sr. Magalhães, olhe que essa sua farda fica-lhe mesmo a matar!!! (tosse)

Francisco Correia(comenta) Comandante é comandante!

Sr. Magalhães (sorri) Nós também temos um grupo dramático, uma banda de música…preocupamo-nos em valorizar a cultura e o divertimento!

Dona Antónia – É bom que as pessoas… dêem valor à cultura!

Sr. Magalhães – A leitura de bons livros, julgo ser da máxima importância… só que a nossa biblioteca está reduzida a uma estante de livros…

Dona Antónia (tosse) Já entendi, sr. Magalhães, já entendi! Precisa de livros… ou melhor… uma quantia para aumentar essa estante! Não é verdade? (uma criada entra a correr)

Josefina – Minha senhora! Há fogo… há fogo! O sino do Cruzeiro não pára de tocar…

Sr. Magalhães(preocupado) Quantos toques? Quantos toques ouviu?

Josefina – São sete! Sete badaladas!  (à parte) ou foram oito?

Sr. Magalhães – Ora sete… Ameixieira… senhor dos Aflitos… peço desculpa, senhora dona Antónia, mas tenho de me apressar… não posso ser o último a chegar!

Francisco Correia – Eu acompanho-o… (saem os dois apressadamente)

Dona Antónia – Acho bem… Espero que não seja em nenhuma das minhas casas… Eu tenho lá várias… (esquece)

Aqui ficou o Livro… vou assinar sem testemunhas! O que eles querem é uma quantia sempre certinha… e mais alguma para mais umas extravagâncias… (assina e fecha o livro em seguida) Ele cá há-de vir buscá-lo! É simpático, bem apessoado! Sim senhor! (mudando de tom) Ora bem, amanhã é domingo? Pois é… amanhã é domingo…temos bodo aos pobres!
(toca a campainha e aparece uma criada)

Chica – A senhora chamou?

Dona Antónia – Sim, Chica! Na cozinha, lembra à Maria que tenha fartura de alimentos. Quero dar um bodo a essa gente que costuma vir assistir à missa.

Chica – Sim, minha Senhora! O tempo tem ido tão ruim! Há muita fome por aí!

Dona Antónia – Então eu não sei?... Vai… vai… despacha-te! Diz ao Damásio que quero ir ao Moledo e, na passagem, quero ir ver como vão os preparativos para a vindima na Quinta do Santinho… (ri-se) Fica em caminho, Chica!

Chica(como se já contasse) O Damásio tem a caleche pronta, como sempre e como a senhora gosta. Mas está fresco… não vai adoecer?

D. Antónia – Ora, ora… tens cada uma! Estes meus empregados! Sou alguma velha?
(saem e a criada tem de lhe levar o agasalho de que ela faz questão de se esquecer)
Josefina(entra um pouco esbaforida…) Minha Senhora, minha Senhora! (repara que já não há ninguém na sala) Ainda bem que já não está cá! Então não é que eles já estão de volta!? Estou a ver que foi só fumaça… ou será que me enganei nos toques… mas eu contei... sete! Será que não foram? Enganei-me! Ahahah… foram dar uma voltinha à Régua… ver se estava mais direita!
- Grupo de Teatro da Universidade Sénior do Peso da Régua

Autores: Grupo de Teatro da Universidade Sénior do Rotary Clube do Peso da Régua. Este excerto constitui o Quadro nº 8 da peça de teatro amador que recria com muito rigor histórico factos da vida deste singular mulher reguense, numa excelente representação dos alunos daquela Universidade.
Clique  nas imagens para ampliar. Sugestão de texto e imagens feita pelo Dr. José Alfredo Almeida (Jasa). Publicado também no jornal semanário regional "Arrais" em 19 de Julho de 2012. Edição de J. L. Gabão para o blogue "Escritos do Douro" em Julho de 2012. Atualização em 19 de Novembro de 2013. Permitida a copia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue só com a citação da origem/autores/créditos. 

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Peso da Régua - Duzentas mulheres homenageiam Dona Antónia Adelaide Ferreira


ÚLTIMA HORA | 11-11-2011

200 mulheres homenageiam a Ferreirinha nos 200 anos do seu nascimento
Duas centenas de mulheres vão reunir-se num jantar comemorativo no Museu do Douro, em Peso da Régua, na sexta-feira, às 19h00, para homenagear Dona Antónia Adelaide Ferreira, nos 200 anos do seu nascimento.
A iniciativa, associada à exposição “Dona Antónia, uma vida singular”, conta com empresárias, investigadoras, produtoras e várias enólogas, entre outras mulheres ligadas à vitivinicultura duriense. Todas elas também exemplo da determinação e pragmatismo que este encontro quer celebrar.
A “Homenagem de mulheres a uma grande mulher” organizada pela Associação Sabrosa Douro XXI, com apoio da Turismo do Douro, entre outras entidades da região, começa com um Porto de Honra e uma visita à exposição que pode ser vista no Museu do Douro até Abril de 2012. Segue-se um debate sobre o “O Papel da Mulher no desenvolvimento da Região Duriense”, num jantar acompanhado dos melhores vinhos e produtos regionais. A animação fica cargo da tuna feminina da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
O nome de D. Antónia Adelaide Ferreira é hoje incontornável, quando se fala nos vinhos do Porto e do Douro, produtos-marca fundamentais no país. A Ferreirinha, como ficou conhecida, nasceu na Régua em 1811 e tornou-se um exemplo maior da iniciativa, perseverança e luta individual em defesa do Douro e da região vinhateira: foi proprietária e gestora de várias quintas que herdou e comprou, estando atenta a todas as iniciativas económicas que pudessem então sustentar a Companhia Agrícola e Comercial dos Vinhos do Porto; lutou contra a praga da filoxera; e fez da garantia da qualidade do vinho do Porto um dos seus objectivos de vida.
Símbolo do empreendedorismo, mas também da generosidade, teve a coragem para desafiar homens poderosos. É sua a frase “cada um na sua terra deve fazer tudo o que seja para bem da humanidade” (1855), tendo contribuído, de forma efectiva, para o reforço da empresa que dirigiu e para a riqueza do país e da região onde criou oportunidades.
A Associação Sabrosa Douro XXI é uma organização que pretende criar uma dinâmica associativa e tem por base a promoção do Alto Douro Vinhateiro Património Mundial Humanidade, estimulando a criação de um trabalho em rede de cooperação entre as entidades e empresas associadas, nos domínios da economia, da cultura e do turismo no concelho de Sabrosa, onde se situa uma das mais emblemáticas quintas de D. Antónia Ferreira (Quinta do Porto). (transcrição)
D. Antónia Adelaide Ferreira no "ESCRITOS DO DOURO"

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Lançamento do Catálogo «Dona Antónia, uma vida singular»

Convite | Lançamento do Catálogo «Dona Antónia, uma vida singular»
| Museu do Douro [21 SET - 17H]
Clique na imagem para ampliar

A Presidente da Fundação Museu do Douro, Elisa Pérez Babo, tem a honra de convidar V. Ex.ª para o lançamento do catálogo da exposição D. Antónia, uma vida Singular, a ter lugar no Museu do Douro, no próximo dia 21 de Setembro, pelas 17h00.
A obra será apresentada por Francisco Olazabal.

Helena Freitas
Gabinete de Apoio à Direção

FUNDAÇÃO MUSEU DO DOURO
Museu do Douro - Prémio Museu Europeu do Ano 2011 | Menção Especial do EMYA
Rua Marquês de Pombal | 5050-282 Peso da Régua | Portugal | www.museudodouro.pt |pt-br.facebook.com/museudodouro

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Relendo e Relembrando: Exposição «Dona Antónia Adelaide Ferreira»

(Clique na imagem para ampliar)

Transcrição:

Em 2011 completam-se duzentos anos sobre o nascimento de Dona Antónia Adelaide Ferreira, administradora da maior casa agrícola do Douro. O Museu do Douro, em Peso da Régua, assinala a efeméride com a exposição «Dona Antónia Adelaide Ferreira». Uma mostra que pretende dar a conhecer a vida e obra desta figura duriense.


Café Portugal | quarta-feira, 22 de Dezembro de 2010

O director do Museu do Douro, Maia Pinto, disse que a exposição de homenagem à «Ferreirinha da Régua» deverá ser inaugurada em meados do próximo ano e representa uma das principais iniciativas que esta estrutura museológica programou para 2011.

A mostra «Dona Antónia Adelaide Ferreira» pretende evocar a vida singular da mulher que administrou a maior casa agrícola do Douro.

A «Ferreirinha», como carinhosamente é recordada pelos durienses, nasceu a 4 de Julho de 1811, na Régua, e morreu em Março de 1896, na quinta das Nogueiras.

Maia Pinto referiu que vai ser uma exposição reflecte o papel, pouco comum, que uma «mulher empresária desempenhou no mundo machista e conservador do século XIX».

Dona Antónia adquiriu 23 quintas no Douro Vinhateiro, destacando-se nesta actividade pela luta que travou contra a filoxera, uma praga que, na segunda metade do século XIX, destruiu muitas vinhas durienses.

Após a praga, a empresária mandou replantar vinhas, pagou a construção de quilómetros de estradas e de caminhos-de-ferro e chegou a dar trabalho a mil operários.

Paralelamente aos negócios, a «Ferreirinha» destacou-se pela sua dimensão social, já que ajudou a construir os hospitais de Peso da Régua, Vila Real, Moncorvo e Lamego e ajudou ainda a Misericórdia do Porto.

Dois anos depois da sua morte, foi criada a Companhia Agrícola dos Vinhos do Porto, mais conhecida por «Casa Ferreirinha».

Maia Pinto salientou que Dona Antónia é ainda hoje «um símbolo da iniciativa, da perseverança e da luta individual em defesa de um bem colectivo, o Douro e a região vinhateira».

A exposição, que ocupará a ala central da sede do museu, no Peso da Régua, pretende ainda cativar novos públicos para o Douro e dar a conhecer esta «figura incontornável» da história da mais antiga região demarcada do mundo aos alunos e professores da região.

Na agenda do Museu do Douro para 2011, Maia Pinto destacou ainda o arranque da exposição de fotografia «Entre Margens», que terá direcção artística da Procur.arte, e se desenvolverá até 2013 em Mirandela, Lamego, Vila Real, Régua, Santa Marta de Penaguião e Porto.

Local: Museu do Douro, Peso da Régua
Link: Museu do Douro